Diante dos relatos da mídia sensacionalista, que promove desgraças como circo, a nação do Haiti foi apresentada ao mundo como um lugar inóspito, estéril e carente não apenas de recursos, mas de humanidade.

As telas das TVs, computadores e tablets encurtam as distâncias, porém nem sempre refletem a realidade. Uma realidade que não se pode traduzir apenas com imagens, e sim com convivência, cumplicidade e compaixão.

O Haiti é muito mais que um país em reconstrução. É uma nação gentil que está se redescobrindo.

E este foi o cenário que os 45 missionários da Igreja Bola de Neve e da ONG Vidas Recicladas encontraram quando desembarcaram em solo haitiano no dia 1º de setembro. Uma nação pobre e sofrida, porém gentil e amável.

Os haitianos são um povo feliz, apesar das dificuldades econômicas. Apesar das roupas apresentarem sinais de desgaste pelo uso e tempo, a população sempre está bem arrumada, com os cabelos aparados ou com tranças muito criativas, no caso das mulheres.

A comitiva de brasileiros enviados ao Haiti continha vários instrumentistas prontos para alegrar a população com o contagiante ritmo brasileiro: o samba. A bateria era composta exclusivamente por membros da Igreja Bola de Neve que abandonaram posições em escolas de samba para dedicar seus dons a propósitos maiores direcionados por Deus.

A primeira apresentação foi realizada em uma construção parcialmente destruída em frente a uma rotatória que interliga oito destinos diferentes. A velocidade em que a trupe desceu das vans e se preparou para tocar pegou os haitianos desprevenidos e logo o som dos tambores prendeu a atenção de todos. Inúmeros cidadãos pararam e assistiram uma parcela da cultura exclusivamente brasileira.

Na segunda vez que a bateria tocou a praça estava em condições melhores. Alguns espectadores foram convidados a tocar os instrumentos e a praça foi palco de uma grande festa onde a alegria era inspiradora e a etnia um mero detalhe.

Um dos pontos altos vividos no Haiti foi a visita a um acampamento de desabrigados. Cerca de 70 mil pessoas vivem em tendas doadas pela Organização das Nações Unidas. O que era para ser um acampamento temporário se tornou endereço permanente de famílias que, dia após dia, apenas sobrevivem e aguardam de doações para suportarem mais um dia. É uma área sem saneamento básico, sem água encanada e sem mesmo uma bica de água potável.

A visita coincidiu com a doação de água potável por um dos batalhões brasileiros que estão no país com a missão de pacificar e estruturar. Em poucos minutos centenas de pessoas saem de suas tendas (hoje remendadas com todo o tipo de material) com latas, baldes e todo tipo de material para conseguir alguns litros de algo tão raro para eles.

Enquanto uma fila gigantesca se formava junto ao caminhão-pipa da ONU, os missionários conversavam, tocavam seus instrumentos e davam carinho e atenção que há tempos não recebiam.

O Haiti necessita de uma oportunidade. Necessita que os transformados continuem propagando a onda de esperança ao invés de saírem de emigrarem para nações vizinhas. O país não precisa de esmola, mas de investimento no material humano. O povo haitiano é o que existe de melhor para reconstruir a nação e resgatar a dignidade de um povo tão sofrido. Com esse entendimento o Haiti será uma nação grande e forte, sob a proteção de Deus e a graça de Jesus.

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *